Esta semana em São Paulo mais de 200 árvores caíram por força (dizem) das chuvas e dos ventos. Pergunta: chuvas, ventos, raios, tempestades, fazem parte dos fenômenos naturais?
Sim, é óbvio que sim... porém, nem todos pensam assim. E continuam reclamando das inundações, das mortes causadas por raios, das casas com rachaduras e dos móveis e bens materiais perdidos pela força das águas, da falta de energia elétrica porque as árvores “destruíram” a rede elétrica.
Semanas atrás ouvimos as palavras de uma mãe que acabara de perder seu filho ex-combatente do Exército norte-americano e agora voluntário nas inúmeras forças de ajuda aos exilados de guerra em campos de recolhimento e cruelmente morto pelo estado islâmico: “meu filho morreu porque o mundo está enfermo...”
No mesmo instante pensei nos sentimentos que podem ter se sucedido no coração amantíssimo de Maria de Nazaré quando viu seu filho bem-amado sob o suplício romano e farisaico, sob a cusparada de um povo que ele ajudara a curar-se de suas doenças e mazelas, sob o abandono de seus discípulos e seguidores...
Seu filho morrera porque o mundo estava enfermo...
E porque hoje o mundo ainda continua enfermo? Analiso a Humanidade – ou grande parte dela – como sonâmbulos padecendo de patologias mentais, sendo a maior delas a “psicopatia do desprezo” pela vida de seu semelhante e para com a Natureza.
No Brasil, esse mesmo ser humano continua a dilapidar a mata Atlântica para construir “seu lar”; continua a devastar a Amazonia para ampliar o agro-negócio e alimentar as bocas dos povos de outros países que não souberam – ou não querem – bem administar os seus bens naturais (e para que, se o Brasil tem espaço geográfico suficiente e uma imensa ganância política?) .
Esse mesmo ser humano continua a devastar os espaços naturais das grandes cidades como São Paulo, já esgotada em seus recursos naturais e especialmente hídricos para construir casas, edifícios, condomínios, favelas, desalojando a fauna que contribui para o eco-sistema e destruindo a flora que mantém a vida...
Esse mesmo ser humano sequer se preocupa com a já escassa vegetação à sua volta e quando árvores caem, a culpa é atribuída à chuva e ao vento refazentes, acolhedores, absolutamente naturais e bem vindos a nutrirem a terra e a saúde desse mesmo ser humano que acusa os órgãos oficiais de não cortarem as árvores prestes a cair...
E permanece a pergunta: porque não cuidaram das árvores, da vegetação, das plantas, das flores? Porque deixaram que os predadores as consumissem ? Porque os órgãos oficiais cortam árvores ao invés de cuidar delas?
Porque a própria população não toma a iniciativa de “adotar” uma árvore, um parque, uma praça como alguns poucos o fazem?
É muito mais fácil cortar do que tratar – é muito mais fácil construir barracos espalhados pela cidade e em zona de preservação ambiental do que permanecer em seus locais de origem e exigir dos governantes que propiciem trabalho e condições dignas de vida.
Fazendo um balanço do ano de 2014 nessa alvorada de 2015, permaneço cética quanto à tomada de consciência e de responsabilidade por parte de grande parte da população que se julga credora das benesses públicas e divinas e que se omite, se refugia e se oculta nos shopping centers, entre os bens de consumo, nas igrejas, nos centros espíritas, nos terreiros de umbanda e candomblé...
Os espíritas em especial, muitos preferem atribuir a culpa ao "momento de transição" e aos estertores do mundo de provas e expiações sem sequer refletirem que o mundo é produto de nossos pensamentos e de nossas ações - ou da ausência delas.
E penso em Jesus, em seu sacrifício, em seu imenso Amor. E penso na dor de Maria de Nazaré, por seu filho sem mácula dando a Sua Vida para que a humanidade entendesse de uma vez por todas que o egoísmo humano é patológico e que o orgulho humano é produto da insanidade em que os seres humanos vivem e que insistem em permanecer mergulhados.
(Sonia Theodoro da Silva)