Vivemos dias difíceis. As atenções se voltam para os países
europeus onde o ódio e a violência tem se destacado em atentados que acontecem
de forma indiscriminada, atingindo a todos. Nós, das Américas, mais
precisamente do jovem Brasil, descendemos de várias nacionalidades europeias e,
portanto, nossos corações e atenção se voltam para os países-irmãos onde nossos
pais, avós e bisavós nasceram, se criaram, e posteriormente adotaram o Brasil
como sua segunda pátria.
Contudo, as atenções se voltam igualmente para o sofrimento
sem fim dos imigrantes provenientes do Oriente Médio, para as dores e as
aflições de países africanos onde as enfermidades mortais se desenvolvem, para
as vítimas das diversas formas de preconceito nos Estados Unidos da América.
O Brasil igualmente vivencia os seus dramas sociais, o seu
estupor diante da incapacidade de uns poucos de serem éticos, e viverem as suas
vidas respeitando a vida e o patrimônio do próximo.
Sim, estes são dias difíceis em que os habitantes da Terra
como um todo colocam em cheque as suas conquistas sócio-culturais, o seu
progresso científico, haja vista o progresso das comunicações que nos permite
hoje assistir em tempo real o que se passa em qualquer parte do mundo. Talvez
se as gerações de nossos avós pudessem assistir o movimento das guerras
mundiais, o estupor fosse maior e o pânico se generalizasse.
Vemos discursos extremistas, atentados que não seguem padrões
ideológicos ou apelos religiosos. O problema é bem mais profundo do que
possamos analisar num pequeno espaço como este. Mesmo porque as verdadeiras razões para tudo isto jazem no
inconsciente coletivo humano, verdadeiro arsenal de experiências negativas
vividas paralelamente às realizações positivas, dualidade esta que caracteriza
a natureza humana.
A visão espírita de mundo nos auxilia nesta análise: a história
se repete porque os homens se repetem no
palco das reencarnações.
Mas se pensarmos que, apesar dessas circunstâncias, o ser
humano se volta incansavelmente à busca de soluções que minimizem o impacto dos
dramas vividos, imediatamente pensamos nas qualidades morais já desenvolvidas,
e a esperança passa a fazer parte das nossas expectativas quanto ao
futuro.
Contudo, a solidariedade se desenvolve a cada momento, e a
cada instante a separação do joio e do trigo se torna mais evidente. Não se
trata aqui apenas de situações mais prementes. Trata-se de uma solidariedade
como modo de vida que vem surgindo paulatinamente.
Ainda teremos um longo caminho pela frente. O que nos aguarda
nos próximos meses, anos, será plantado, plasmado hoje.
O Espírito Joanna de Ângelis, em sua magnífica mensagem Advertência de Amor (http://vervisaoespiritadareligiosidade.blogspot.com),
diz dos tempos previstos desde a antiguidade, para o nosso momento. Somos
partícipes desse momento grave, pois todos estamos no mesmo barco. Portanto, o expressivo
apelo à mudança de hábitos, de pensamentos, de comportamento, tudo voltado para
o Bem se torna urgente. Mas, diz ela, jamais perder a fé e a confiança porque
Jesus está no leme desse barco que passa por mares tempestuosos.
Como Chico Xavier nos lembrava sempre, não é possível alterar
o passado de erros e enganos, mas nos é possível viver um novo presente. E o
futuro responderá a isso de forma eloquente. Talvez anda mais eloquente do que
as dores e aflições hoje colhidas de sementes equivocadas semeadas no passado. E
para tanto, Jesus está conosco; Deus está em todos nós. Prossigamos com fé e
ações positivas voltadas para o bem comum.
(Publicado em The SPS Journal, London, England)
Sonia Theodoro da Silva
Filósofa