FILOSOFANDO O COTIDIANO

O autor define com mestria o significado da FILOSOFIA ESPÍRITA vigente no atual estágio evolutivo em que nos encontramos.
Acompanhe conosco esse processo de encontros e desafios, que definem o Ser em busca de si mesmo através de ações que convergem a favor da paz e da Harmonia.

Educar para o pensar espírita é educar o ser para dimensões conscienciais superiores. Esta educação para o Espírito implica em atualizar as próprias potencialidades, desenvolvendo e ampliando o seu horizonte intelecto-moral em contínua ligação com os Espíritos Superiores que conduzem os destinos humanos.(STS)

Base Estrutural do ©PROJETO ESTUDOS FILOSÓFICOS ESPÍRITAS (EFE, 2001): Consulte o rodapé deste Blog.

21 de janeiro de 2021

LANÇAMENTO !!!! AS CONSOLAÇÕES DA FILOSOFIA ESPÍRITA !!!!

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4 de novembro de 2020

MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 2, Meu Reino não é deste mundo, Allan Kardec extraiu do Evangelho de João, passagens que enfatizam o Reino de Jesus como um estado de alma alcançado após um processo de auto superação. Para situar esse episódio em seu momento histórico, Jesus já havia sido preso pelo Sinédrio, já estivera na presença de Pilatos levado pelos fariseus, e simultaneamente de Pilatos de volta ao Sinédrio. Nos dias atuais, há vários estudiosos no Brasil e no exterior que se ocupam em pesquisar e registrar, com o máximo de exatidão possível, os fatos ocorridos com Jesus, o seu julgamento ilegal por parte do Sinédrio dos fariseus de Jerusalém, bem como as ações atribuídas a Pôncio Pilatos. Jesus, conforme o evangelista, não se preocupava em deter-se em longas explicações, senão em ser objetivo e claro para a autoridade romana. Nem os romanos, nem os judeus do Sinédrio estavam preparados, sob o ponto de vista de sua evolução espiritual, a compreender o alcance dos ensinamentos do Mestre, por isso a sua discreta postura. Jesus sabia que seria compreendido apenas pela posteridade, quando os seres humanos tivessem alcançado maturidade emocional e intelectual, um patamar de compreensão suficiente para começar a entender a finalidade de sua presença na Terra, bem como a sua verdadeira identidade, despojada dos mitos e dos rituais que se seguiriam ao longo de toda a Idade Média, e que formariam as religiões ditas cristãs. Jesus não viera fundar religiões, Jesus era Mestre, e como tal, ensinava, para que as pessoas adquirissem autonomia e fé raciocinada. Tal como ensina a Filosofia Espírita. Allan Kardec, estudando com afinco os Evangelhos, destaca um trecho dos mais interessantes, já que a Jesus foram atribuídas credenciais de nobreza humana, como Rei dos Reis, Príncipe, etc. Kardec enfatiza a necessidade de compreendermos que a nobreza de Jesus era outra, era de cunho espiritual, pois jamais houve sobre a Terra alguém que tivesse a sua envergadura intelecto-moral. E Jesus, Ele próprio, diz à máxima autoridade romana em Jerusalém de seu tempo, que “o seu reino não era deste mundo”. E que mundo era esse? Sem dúvida, que não se referia a localizações geográficas, nem a este ou outro planeta, mas a patamares evolutivos. Jamais poderíamos compreender seus ensinamentos sem o progresso intelecto-moral realizado ou em vias de se realizar, parcial, gradativo. Allan Kardec comenta em OESE sobre essa passagem justamente aplicando-a à Vida Futura, como “a meta a que a Humanidade irá ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupações do ser humano na Terra. Sem a vida futura, nenhuma razão de ser teria a maior parte dos seus preceitos morais, donde vem que os que não crêem na vida futura, imaginando que Ele apenas falava na vida presente, não os compreendem, ou o consideram pueris.” A Filosofia Espírita “vem completar, nesse ponto, como em vários outros, o ensino de Jesus, tornando-o mais claro quando os homens já se mostrariam maduros bastante para apreender a verdade. “Com a Filosofia Espírita, a vida futura deixa de ser simples artigo de fé, mera hipótese; torna-se uma realidade material, que os fatos demonstram.” É mais um aspecto consolador do Espiritismo, o saber-se imortal, ter a certeza de que a vida continua saindo desta dimensão sólida, material, para outras, mais sutis, onde o Espírito se revigora e evolui, para depois retornar, refeito, para novas experiências. A morte já não tem aquele aspecto lúgubre que as religiões lhe atribuíram, dando-lhe sentenças de felicidade eterna, inócua e vazia, ou sofrimento igualmente eterno, sem misericórdia. O ser humano, em sua imortalidade natural, porque criatura de Deus, está fatalmente destinado, sim, à felicidade plena, não nos padrões da Terra de provas e expiações, mas de planos superiores da existência. Por isso, no próximo item deste capítulo, denominado O Ponto de Vista, Allan Kardec destaca que a certeza de uma vida futura, seja em planos extra dimensionais ou na Terra do futuro, ou ainda em outros planetas compatíveis à evolução do indivíduo, “proporciona fé inabalável no porvir, fé que acarreta enormes consequências sobre a moralização dos seres humanos, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, (...) as vicissitudes e tribulações desta vida não passam de incidentes que eles suportam com paciência, por sabe-las de curta duração, devendo seguir-se um estado mais ditoso.” A morte “nada terá de aterrador, deixa de ser a porta que se abre para” o desconhecido, e transforma-se porta que dá libertação. “Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira da vida muito de seu amargor.” E acrescenta Kardec: “pelo simples fato de duvidar da vida futura, o ser humano dirige todas as suas atenções para a vida terrena.” O foco de sua existência está nas coisas e nas pessoas que a cercam. À falta de alguma delas lhe causa imenso pesar. A vida com foco apenas no presente, sem perspectivas de futuro, repleta o ser humano de vazio interior, que ele busca em desespero, preencher. Daí as alternativas nas drogas, na vida desregrada, sem afetos legítimos, porque a existência se torna fugaz e líquida. O que Allan Kardec quer dizer, é que o ser humano, nós, não podemos viver sem o conhecimento consolador da Filosofia Espírita, que abre novos horizontes. Sabemos quem somos, podemos supor de onde viemos pelas qualidades adquiridas e questões ainda a resolver, sabemos que nosso futuro dependerá do que traçarmos com nosso livre-arbítrio no presente. E para tanto, temos todo o apoio e amparo de nossos benfeitores espirituais, que nos acompanham há diversas reencarnações, nos inspirando resoluções que nos coloquem no caminho correto. O mesmo capítulo traz o testemunho de um Espírito que foi uma rainha na França. Desconhecemos a sua identidade, porém, suas palavras endossam os ensinamentos de Jesus. Ela afirma que se perdeu pelo orgulho desmesurado, e ao aportar no mundo espiritual descobriu-se vazia de valores e virtudes espirituais, de ações que pudessem testemunhar-lhe a grandeza moral, e não a nobreza terrena. Ela lamenta o tempo perdido, mas como Deus é misericordioso, certamente pode ter tido outras reencarnações para recomeçar e ganhar méritos que desprezou quando rainha. Ela nos aconselha que não desprezemos a prece, pois esta fará com que nos mantenhamos conectados com Deus e com os Bons Espíritos. Sobre a prece, o OESE traz todo um capítulo de modelos de preces para momentos específicos, como Nas Aflições da Vida, Para um enfermo, Para agradecer uma graça alcançada, Para os Bons Espíritos - nossos Anjos Guardiões, Por uma criança que acaba de nascer, Por uma pessoa que acaba de desencarnar, etc. As recomendações contidas em O Evangelho Segundo o Espiritismo valem para todos os momentos de nossas vidas. Para leitura diária, para as preces matutinas antes de sairmos para os afazeres profissionais, para as preces noturnas, para a feitura do Evangelho no Lar. São reflexões profundas que trazem Jesus e os Bons Espíritos para perto de nós. Devemos recorrer a essa magnífica obra, certamente inspirada por Jesus a Kardec, sempre ! Sonia Theodoro da Silva, filósofa.

24 de setembro de 2020

O VALOR DA VIDA

 


Valorizar a vida, não obstante as dores, as dificuldades, os desafios da existência. Enfrentar com coragem e força de ânimo os problemas que a vida nos coloca, confiando no amparo de Deus e no auxílio dos Espíritos protetores.

Conta uma lenda, que pais chorosos pediram a Deus que lhes restituíssem o filho morto. Deus, então, mandou que buscassem em toda a Terra alguém que nunca tivesse sofrido uma perda, então ele atenderia ao pedido.  

Esse sentimento, a “perda”, pode ser sentido em todos os momentos de transição e mudanças em nossas vidas. Mudança de trabalho profissional sem ter tido a expectativa de deixá-lo, ou seja, demissões sem justa causa, mudança de local de residência sem ter planejado, um namoro ou uma relação amorosa rompidos, a morte de um familiar, a morte de um amigo ou amiga, mudanças políticas no país que podem gerar problemas em nossas vidas, perdas materiais por eventos de calamidade pública.

Apenas alguns exemplos, em meio a tantos que podem gerar tristeza, desânimo, depressão.

Por outro lado, os Espíritos protetores que atuaram na Codificação com Allan Kardec afirmaram que “não há felicidade sobre a Terra”. Felicidade, porém, não da forma como interpretamos, pois para nós, seres humanos de um plano moral de provas e expiações, a felicidade é a satisfação de nossos desejos materiais, de nossas vontades e caprichos.

E hoje, quando os comerciais de TV e de redes sociais nos estimulam a um padrão de vida que está além de nossas capacidades, sempre na ânsia de obter mais, em detrimento de ser melhor do que se foi anteriormente, e em comparação com outras pessoas, o sentimento de frustração cresce e traz em seu bojo a infelicidade e a desvalia da vida que se tem.

Essa é uma visão pequena e estreita da Vida que Deus nos concedeu para que pudéssemos, em nova oportunidade reencarnatória, realizar projetos de Vida, saldar compromissos, usufruir de momentos felizes com a família e amigos. Porque a vida é feita de MOMENTOS FELIZES.

Mas vejamos na Codificação e nos autores sérios que respaldam a Codificação, os motivos pelos quais as pessoas buscam pôr um termo em suas vidas, já que estamos, no momento desta palestra no mês de setembro, que lembra as ações contra o suicídio.  

Em O Livro dos Espíritos, Livro IV – Capítulo 1, Desgosto pela Vida – Suicídio, os Espíritos Superiores respondem a Allan Kardec que o desgosto pela vida, que se apodera de alguns indivíduos, sem motivos plausíveis, deve-se à ociosidade, à falta de fé, e geralmente da saciedade.

Dizem os Espíritos: “Para aqueles que exercem as suas faculdades com um fim útil e segundo as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente; suportam as suas vicissitudes com tanto mais paciência e resignação, quanto mais agem tendo em vista a felicidade mais sólida e mais durável que os espera.”

Na questão seguinte, de no. 944, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores se o ser humano tem o direito de dispor da própria vida, a que os Espíritos respondem: “Não, somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário ou autocídio, é uma transgressão dessa lei.”

Quando Kardec questiona se o suicídio não é sempre voluntário, os Espíritos acrescentam: “O transtornado mental que se mata não sabe o que faz”.

Essa loucura a que os Espíritos se referem pode ter várias origens: questões de ordem obsessiva seja psiquiátrica e/ou espiritual, geradas nesta existência ou oriundas de vidas anteriores.

Ao ímpeto de ceifar a própria existência tendo como causa o desgosto pela vida, os Espíritos Superiores são enérgicos ao afirmar que o trabalho pode preencher o vazio existencial.

E é neste ponto que enfatizo as centenas de ONGs que atuam efetivamente na preservação da vida humana e do meio ambiente, com destaque a Fraternidade Sem Fronteiras, os Médicos SF, SOS Mata Atlântica, Greenpeace Brasil, WWF Brasil, Mata Ciliar, mas também os trabalhos voltados a exilados de outros países e os sem teto em nossa cidade.

Ao trabalharmos a favor da vida do próximo, sua dignidade, o nosso coração se repleta de bem estar.

À pergunta de Allan Kardec, sobre o que dizer acerca daquelas pessoas que querem escapar às misérias e decepções deste mundo, os Espíritos Superiores respondem que Deus ajuda aos que sofrem, que felizes são aqueles que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados.

Isso também vale para a Eutanásia. Allan Kardec abordou esse tema em O Livro dos Espíritos, e os Espíritos respondem categoricamente que a ciência poderá trazer lenitivos e até um socorro inesperado no derradeiro momento.

O Espiritismo admite a Ortotanásia, que consiste em aliviar o sofrimento de um doente terminal através da suspensão de tratamentos que prolongam a vida mas não curam nem melhoram a enfermidade. Etimologicamente, a palavra "ortotanásia" significa "morte correta", onde orto = certo e thanatos = morte.

Diferente de Distanásia, que prolonga a vida de um paciente terminal mesmo que não haja mais condições de retorno à saúde.  

Em qualquer circunstância, ou situação a Vida é preciosa, ela nos foi concedida por Deus, como uma grande oportunidade, para buscarmos a nossa realização pessoal, para vivermos num país belíssimo como é o Brasil, não obstante as questões sócio-políticas, isso não importa, o que importa é o que possamos fazer para vivermos bem conosco  e com os outros.

E o que dizer do abuso das paixões? Dizem os Espíritos Superiores que se trata de um suicídio moral. Há neste caso esquecimento de si como criatura de Deus, e do próprio Deus.

Em o livro O Céu e o Inferno, Allan Kardec entrevista várias Espíritos desencarnados em circunstâncias dolorosas, inclusive suicídio voluntário, em diversas circunstâncias. A literatura mundial consagrou o suicídio de homens e mulheres em nome do amor, como Shakespeare em Romeu e Julieta, e Léon Tolstoi em Anna Karenina. Este último, veio a comunicar-se com a médium brasileira Yvonne do Amaral Pereira, e relatou que seu livro, publicado em 1877, serviu de estímulo a inúmeros suicídios de mulheres em seu tempo. Tolstoi voltava assim, à Terra, na condição de Espírito comprometido a cumprir com o compromisso de valorizar a vida alheia, através de trabalhos de psicografia com a médium brasileira. Há vários livros dessa rica parceria, publicados pela FEB-Federação Espírita Brasileira.

No Capítulo II de O Livro dos Espíritos, estes abordam a filosofia existencialista em seu ramo ateu, quando os Espíritos Superiores afirmam categoricamente que o Nada não existe.

O Nada foi tema de obras de filósofos da categoria de Friedrich Nietzsche, Jean Paul Sartre, os atuais franceses Luc Ferry e André  Comte-Sponville e o inglês Alain de Botton.

Como que antevendo as circunstâncias que abalariam as crenças humanas nas religiões, principalmente na Europa, desestabilizada e desestruturada durante séculos pelas ações de religiosos equivocados e imersos na sanha pelo poder a todo custo, o Espiritismo surge na aurora do século 20, poucos anos antes de duas grandes e devastadoras guerras mundiais que abalariam o espírito de crença e devoção a Deus.

Quando Nietzsche diz, através de seu personagem no livro de sua autoria Assim Falou Zaratustra, que “Deus está morto”, ele nada mais faz do que demonstrar a profunda,  oculta e desesperada necessidade que tem de crer no Criador que ele houvera conhecido através de sua rígida educação religiosa protestante.

A Filosofia Espírita foi a precursora de momentos de grandes tragédias individuais e coletivas, como a dar um sinal de esperança e consolo a toda a humanidade dos séculos 20 e 21.

Quanto a Consolo, aquele que nos auxilia a valorar a nossa existência, este é um tema que filósofos da Antiguidade Clássica chamaram a si, principalmente da escola estoica romana, como Sêneca, Epiteto, Marco Aurélio, e Boécio.

Todos viveram vidas desafiadoras, e tiveram final trágico, mas souberam enfrentar a dor e o sofrimento com coragem.

A expressão “coragem estoica” vem dessa escola filosófica, que além de outros tópicos não menos importantes, destaca o desprezo pela amargura, pela consternação, pelo penar e sofrer.

A Filosofia Espírita vem nessa tangente, mas, modifica o conceito da dor e do sofrimento, dando-lhe um significado terapêutico e educativo.

Mesmo agora diante de tantos pesares oriundos da pandemia do coronavírus-COVID 19.

A Filosofia Espírita engrandece as provas e desafios da existência, que colocam o ser humano num patamar de evolução moral mais abrangente.

Léon Denis, escreveu um livro, “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, onde desenvolveu seu pensamento sobre o significado da Dor para a evolução humana. O Espírito Emmanuel abordou esse tema em quase toda a sua obra.

E já que estamos falando em livros, eu indico o livro de minha autoria, “As Consolações da Filosofia Espírita- O Consolo do Conhecimento para uma época em transição”, por enquanto disponibilizado gratuitamente no nosso portal de estudos, EM BREVE será publicado em formado de livro pela Solidum Editora.

Eu também fiz uma Live para o Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, que está no www.facebook.com/centroespiritanossolar , disponível para todos.

O Valor da Vida caminha juntamente com aceitação, entendimento, compreensão, e esperança, muita esperança na Vida e muita confiança em Deus, nas suas Leis Divinas, nos Espíritos protetores que estão ao nosso lado.   

Sonia Theodoro da Silva, filósofa e escritora

 

BIBLIOGRAFIA:

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec

As Consolações da Filosofia Espírita – O Consolo do Conhecimento para uma época em Transição, Sonia Theodoro da Silva

25 de março de 2020

Amor e Felicidade em tempos de crise


 

Em tempos de provas e reajustes, falar sobre Amor e Felicidade pode parecer utopia. Contudo, Jesus também falou de paz em tempos de guerras, falou de perdão em tempos de ódio, de piedade em tempos de desprezo, de responsabilidade em tempos de omissão.

Então por que não falar de Amor e Felicidade em nosso tempo onde parece que as pessoas vivem um distanciamento contundente de sua própria humanidade? Quando nos parece que o “próximo” é alguém tão distante quanto os mais distantes astros do Universo? Justamente por isso, por causa desse distanciamento é que devemos tentar essa reaproximação.

Vivemos tempos onde os dramas de toda sorte acontecem: flagelos naturais, flagelos provocados pelos próprios seres humanos. A tão distante solidariedade está ressurgindo aos poucos, porque movida pela força das coisas. Talvez nos convidando a redefinir o conceito e o significado de felicidade, assim como amar.

Por séculos temos buscado ser felizes com o usufruto dos prazeres imediatos e mundanos, “amando” tudo o que nos cerca e nos traz apenas satisfação momentânea.

Ao longo da história da Filosofia, escolas surgiram no sentido de também buscarem respostas para as questões mais prementes da vida. Os existencialistas por exemplo, tem a capacidade de nos mostrar a realidade como ela é, sem fugas ou escapismos. E por serem tão contundentes, incomodam. Mas são úteis, tremendamente úteis em nosso tempo de tragédias e desenganos, oferecendo-nos uma saída que evoque mudança. Mudança no agir, mas sobretudo no pensar, subalterno daquele.

Por isso Allan Kardec surgiu no auge da retomada de caminhos seguros que nos fazem repensar o nosso tempo, mas, sobretudo, as nossas ações.

Em “Ética a Nicômaco”, Aristóteles diz que a felicidade é o maior bem desejado pelos homens e o fim das ações humanas, este último, com sentido teleológico, como a sua filosofia, quando afirma que o bem é aquilo a que todas as coisas tendem.

Não está distante das afirmações de Jesus e de Kardec, que, priorizam o exercício do Bem como a finalidade da vida humana.

Mas até compreendermos isso, temos um caminho a percorrer.

 “Aristóteles diz que tanto as pessoas mais sábias quanto as pessoas menos doutas concordam que toda a ação humana tem como objetivo alcançar a felicidade. Se faz parte da natureza humana o desejo de ser feliz, o fim mais elevado não poderia ser outro e, por isso, há esse consenso. (W.J.P.dos Santos)”

Contudo, precisamos considerar que não há consenso sobre o sentido do que seja “felicidade”. Esse sentido varia conforme as culturas, os países, o nível evolutivo das criaturas. Kardec enumera em O Livro dos Espíritos, nas questões de número 100 a 110, esses degraus, o que torna bastante claro que ser feliz e amar está em acordo com a capacidade que as criaturas tem de apreender esse sentido.

Assim como Aristóteles buscava respostas para questões existenciais, a Filosofia Espírita, hoje, responde ao filósofo com a mais simples das conclusões, inspiradas em Jesus:  amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Essa felicidade jamais será anulada no coração e na mente daqueles que compreenderem o seu verdadeiro sentido. E jamais em tempo algum esse sentido poderá ser mudado ou apartado daquele que realmente assim o desejou.  

Sonia Theodoro da Silva, filósofa.     

20 de agosto de 2018

Mudança Planetária: Esperanças e Consolações




Os Espíritos Superiores que assessoraram Allan Kardec em seu magnífico trabalho de síntese propiciaram à humanidade todas as condições que poderiam levá-la à mudança de paradigmas.       Segundo a afirmação de Emmanuel, as revelações “evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento” e, desta forma, vai ao encontro do pensamento do codificador – “as verdades morais constituem elementos essenciais do progresso”.  Podemos deduzir, assim, que o senso moral vai se desenvolvendo à medida que os indivíduos sentem necessidade de uma complementaridade aos conhecimentos desenvolvidos e adquiridos, gerando um processo magnífico de completude em que razão e coração se integram, coesos, numa mesma aspiração pessoal e coletiva – a felicidade.       Quando os Espíritos disseram que o Espiritismo seria “o Consolador prometido por Jesus”, imediatamente os corações imaturos deduziram que a esfera espiritual com eles se comunicaria a cada momento tormentoso de suas vidas,  dando respostas e soluções aos problemas afligentes e angustiosos.      

      Contudo, a filosofia espírita é bem clara e objetiva – o ser humano progride e, ao progredir, deve assumir responsabilidades. Estas, por sua vez, lhe garantem a segurança necessária para bem conduzir-se numa jornada segura de paz e tranquilidade interior, o que não significa que outras pessoas assim agirão, uma vez que convivemos num vasto oceano de diversidade cultural, moral, intelectual, religiosa e, finalmente, evolutiva.   

       Nunca foi tão necessário buscar consolo no Evangelho de Jesus, em suas palavras, atitudes, conselhos. A sua presença é a do amigo de todas as horas, a do crucificado que voltou da morte a dizer que ela é apenas uma percepção incompleta, precária e aparente. Jesus não ressuscitou, ele mostrou que a morte do corpo não destrói o Espírito imortal; Jesus não é Deus, é a plenitude da evolução a que pode chegar um Espírito em contínuo progresso.   

     As adversidades e atribulações que atravessamos atualmente fomentam a descrença, o dissabor, a divisão e a somatização de problemas os mais diversos, enclausurando a alma humana numa visão de mundo em que a esperança (de esperançar, de estimular as boas expectativas) não encontra espaço nas mentes fatigadas pelas tragédias do cotidiano e dos eventos mundiais.  

   Jesus e seus apóstolos viveram num mundo em transição, passagem das crenças mitológicas para a fé racional que se completaria dois mil anos depois com a Filosofia Espírita. Daquela época para cá o ser humano obteve muitas conquistas, porém os desconcertos do Espírito que busca alimentar-se apenas de satisfações imediatistas impedem- no de olhar para o futuro de forma otimista e assertiva.    

       O Livro dos Espíritos, perg.119, traz uma instrução de Paulo de Tarso: “para atingir a plenitude, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas: a ignorância, o ódio e a injustiça.” E completa: “... aquele que por um falso impulso da alma se afasta do objetivo da Criação, que consiste no culto harmonioso do belo e do bem idealizados pelo arquétipo humano, Jesus, é responsável (pela desorganização social).”  

        Este é o momento de mudança de paradigmas. Para tanto, temos o impulso natural para o Bem que trazemos conosco; temos modelos auspiciosos que poderão ser implantados a partir dos espaços vazios gerados pela dor e pela perda. Os Espíritos que colaboraram na Codificação estão e estarão ao nosso lado para que realizemos em nós e junto a nós esse novo modelo de paz e prosperidade espiritual, modelando a nova civilização que tanto desejamos. 

Sonia Theodoro da Silva
Filósofa

(Publicado no ´Journal of Psychological Studies, London, England)

31 de outubro de 2016

SOLIDARIEDADE HUMANA




 
Vivemos dias difíceis. As atenções se voltam para os países europeus onde o ódio e a violência tem se destacado em atentados que acontecem de forma indiscriminada, atingindo a todos. Nós, das Américas, mais precisamente do jovem Brasil, descendemos de várias nacionalidades europeias e, portanto, nossos corações e atenção se voltam para os países-irmãos onde nossos pais, avós e bisavós nasceram, se criaram, e posteriormente adotaram o Brasil como sua segunda pátria.

Contudo, as atenções se voltam igualmente para o sofrimento sem fim dos imigrantes provenientes do Oriente Médio, para as dores e as aflições de países africanos onde as enfermidades mortais se desenvolvem, para as vítimas das diversas formas de preconceito nos Estados Unidos da América.

O Brasil igualmente vivencia os seus dramas sociais, o seu estupor diante da incapacidade de uns poucos de serem éticos, e viverem as suas vidas respeitando a vida e o patrimônio do próximo.   

Sim, estes são dias difíceis em que os habitantes da Terra como um todo colocam em cheque as suas conquistas sócio-culturais, o seu progresso científico, haja vista o progresso das comunicações que nos permite hoje assistir em tempo real o que se passa em qualquer parte do mundo. Talvez se as gerações de nossos avós pudessem assistir o movimento das guerras mundiais, o estupor fosse maior e o pânico se generalizasse.

Vemos discursos extremistas, atentados que não seguem padrões ideológicos ou apelos religiosos. O problema é bem mais profundo do que possamos analisar num pequeno espaço como este. Mesmo porque as  verdadeiras razões para tudo isto jazem no inconsciente coletivo humano, verdadeiro arsenal de experiências negativas vividas paralelamente às realizações positivas, dualidade esta que caracteriza a natureza humana.

A visão espírita de mundo nos auxilia nesta análise: a história se repete porque os homens se repetem  no palco das reencarnações.         

Mas se pensarmos que, apesar dessas circunstâncias, o ser humano se volta incansavelmente à busca de soluções que minimizem o impacto dos dramas vividos, imediatamente pensamos nas qualidades morais já desenvolvidas, e a esperança passa a fazer parte das nossas expectativas quanto ao futuro.       

Contudo, a solidariedade se desenvolve a cada momento, e a cada instante a separação do joio e do trigo se torna mais evidente. Não se trata aqui apenas de situações mais prementes. Trata-se de uma solidariedade como modo de vida que vem surgindo paulatinamente.

Ainda teremos um longo caminho pela frente. O que nos aguarda nos próximos meses, anos, será plantado, plasmado hoje.

O Espírito Joanna de Ângelis, em sua magnífica mensagem  Advertência de Amor (http://vervisaoespiritadareligiosidade.blogspot.com), diz dos tempos previstos desde a antiguidade, para o nosso momento. Somos partícipes desse momento grave, pois todos estamos no mesmo barco. Portanto, o expressivo apelo à mudança de hábitos, de pensamentos, de comportamento, tudo voltado para o Bem se torna urgente. Mas, diz ela, jamais perder a fé e a confiança porque Jesus está no leme desse barco que passa por mares tempestuosos.        

Como Chico Xavier nos lembrava sempre, não é possível alterar o passado de erros e enganos, mas nos é possível viver um novo presente. E o futuro responderá a isso de forma eloquente. Talvez anda mais eloquente do que as dores e aflições hoje colhidas de sementes equivocadas semeadas no passado. E para tanto, Jesus está conosco; Deus está em todos nós. Prossigamos com fé e ações positivas voltadas para o bem comum.   
(Publicado em The SPS Journal, London, England)            
Sonia Theodoro da Silva
Filósofa

  

  

 

15 de julho de 2016

CONVULSÕES SOCIAIS APOCALÍPTICAS

Fonte: Le Fígaro


(…) porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio
do mundo até agora.Jesus –  (Mt., 24:21.)
As convulsões sociais de variegado matiz acontecem a todo momento no mundo… A mídia está sobrecarregada de fatos tão terríveis quão corriqueiros: escândalos, corrupções, violência, homens-bomba e até mulheres-bomba, cruéis assassinatos em massa em nome de ideologias perversas, explosões provocadas em aviões lotados de passageiros. Parece que o mundo é um barco à matroca. Estejamos certos de que Jesus está no leme e tudo tem uma razão de ser.
Não falece dúvida que estamos vivendo um momento de altas ebulições catastróficas provocadas pelo homem e também pela Natureza: é o parto doloroso e cruento do Planeta de Regeneração em andamento!
O Benfeitor Espiritual Camilo, através da mediunidade de Raul Teixeira, esclarece (Carta Magna da Paz, cap. 2): O mundo terrestre está assinalado por incontáveis dessas zonas expiatórias que são, por seu turno, regiões de reequilíbrio de prodigioso contingente de filhos de Deus que, durante muito tempo ainda estarão tentando atear fogo aos campos da humanidade inteira, ou estarão envolvidos em processos de barbarismos contra seu semelhante, batendo no peito como donos da razão e senhores da verdade.  
Deus, contudo, aguarda que na grande fogueira por eles mesmos montada, queimem-se, ainda que morosamente, os fluidos pestilenciais que vão dando margem ao aparecimento de fluidos salutares, que irão preenchendo os vazios morais do planeta.
Para os olhos do homem comum, há povos ou etnias no mundo que jamais se acertam; grupos sociais que são, historicamente, belicosos, odientos, odiados, negativos.  Entanto, vale saber que já não são, obrigatoriamente, os mesmos Espíritos reencarnados no pretérito os que persistem nos gravames atuais. É que, nessas localidades, temos as reportadas regiões de reequilíbrio para onde indivíduos das mais diversas procedências terrenas são conduzidos para que renasçam ali, considerando o estado da alma, os níveis de tormento, de ódio enraizado ou de beligerância a esvurmar do próprio íntimo. Assim, aprenderão a buscar a saúde interna, o equilíbrio da mente, cansando-se da loucura de ações irracionais, dos derramamentos de sangue, da sanha da destruição degenerativa, desistindo, por fim, de tanto pranto derramado pelos pretensos inimigos, que não passam de irmãos seus, e, por si mesmos, começarão a sensibilizar-se com as propostas de paz…
Porque somos imortais, o Criador vai-nos concedendo tempo devido para que todos nos possamos conscientizar do compromisso de avançar pela senda do progresso, que nos trouxe à Terra, verificando, com assiduidade, como andam nossos impulsos perniciosos, bem como nossos movimentos para Deus, nosso teotropismo.
Importantíssimo será envidar todos os melhores esforços, a fim de que, além de não estarmos situados nessas zonas expiatórias – quando não estivermos, de fato -, evitemos tomar parte nesses bolsões de dores com as palavras e ações lorpas ou devassas, tiranas ou irascíveis, com as quais quase sempre a pessoa contribui para o desequilíbrio geral, a partir do seu desarranjo particular.
 Quantos são os indivíduos que se especializaram em mentir cinicamente, vida afora?! Ninguém mente com cinismo se não for para prejudicar ou enganar a terceiros.  Quantos os que se qualificam vastamente nas técnicas de usurpar, de roubar, com o sorriso de quem se julga superior aos usurpados?  E ninguém o faz se não nutre velhaca rapina no âmago do ser, desejoso de crescer no mundo material ainda que sobre os escombros dos que lhes abrem portas de confiança. Quantos se esmeram em pautar o cotidiano pela agressividade, pela violência, quer seja no lar, quer seja no local de trabalho ou no circuito da vida social, escondendo a própria fraqueza com o desrespeito ou desconsideração a terceiros? E ninguém age dessa forma se não guarda em si horrenda covardia, não encontrando espaço mental para a rogativa de desculpa nem para o indispensável tratamento.
Regiões de reequilíbrio via expiação, há muitas pelo mundo. Resta-nos saber se não nos estaremos candidatando a renascer em seu bojo, em seus núcleos, diante da distância ou da omissão que mantenhamos em relação ao amor e ao bem.
Desde os velhos textos do profeta Isaías [66:23 e 24], podemos encontrar referências ao respeito que se deve manter aos Estatutos Celestes, ali apresentados na simbologia pertinente aos escritos bíblicos. Nos mesmos escritos do profeta, há indicações de sofrimentos para todos quantos se tiverem voltado contra os referidos Estatutos. A forma é curiosa e enseja-nos interpretar, com o aclaramento que nos é conferido pela Doutrina Espírita, a fim de extrair entendimento compatível com os ensinos do Cristo postos ao alcance do nosso discernimento pelo Espiritismo.
 Inadiável será aproveitar a presente oportunidade reencarnatória, na Terra que se transforma, aos poucos, em aprazível moradia sideral, a fim de cooperarmos com Cristo que tanto investe nas possibilidades de progresso do Seu rebanho, e para que nos tornemos agentes do amor e semeadores da paz, nossa coroa sublimada, nosso refúgio de luz.
 
Fonte: Jornal Mundo Espírita, autor Rogério Coelho

9 de julho de 2016

MENSAGEM DE ESPERANÇA


Romênia
 
Sonia Theodoro da Silva  

Segundo os dicionários, esperança é o substantivo feminino que indica o ato de esperar alguma coisa, mas também pode ser sinônimo de confiança. Ter esperança é acreditar que alguma coisa muito desejada vai acontecer.  Paulo de Tarso, em sua Epístola aos Romanos (15:4), diz “porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.”  Paulo certamente se referia às palavras de Jesus contidas em seus ensinamentos morais e coletados posteriormente por Allan Kardec no Evangelho espírita.

Evangelho do Jesus, feito de incontáveis palavras de esperança, infelizmente hoje relegado ao esquecimento perante os desafios existenciais que se sucedem, de forma ininterrupta, e que atuam como móvel de desligamento do ser de sua transcendência divina, pois para um cristão, ter esperança é saber que apesar das dificuldades que enfrenta nesta vida, o melhor ainda está por vir.

Tema de estudos na Grécia Antiga, Eurípedes e Tucídides, afirmavam que a esperança, enquanto espera, era um desejo ou uma aspiração relacionada com a confiança.

A concepção de homem, segundo Gabriel Marcel o caracteriza como homo viator, isto é, como um ser itinerante, inacabado, ainda por se fazer. Em seu caminhar depara-se com um mundo quebrado, onde o ter prevalece sobre o ser, levando os humanos a isolarem-se e, consequentemente, autoconsumirem-se na solidão e no desespero. E é exatamente neste contexto – o do beirar a solidão desoladora – que Marcel entoa um hino à esperança, única postura capaz de fazer-nos galgar em comunhão os montes e altos píncaros de nossa jornada.

O filósofo francês sustenta que a única saída para a construção de uma civilização nova e esperançosa somente se torna possível no horizonte da comunhão, da fidelidade e do amor.

Semelhante ideia que Marcel desenvolve, a doutrina espírita oferece a todos os que dela se aproximam; nesta vida temos desafios, dores, aflições, alegrias, sorrisos e lágrimas. Somente com o consolo de nos sabermos filhos amados de um mesmo Pai que por todos vela através de suas leis misericordiosas, e que sempre nos oferece renovadas esperanças de continuarmos, pode nos manter vivos e confiantes.

A Filosofia Espírita é assim, um saber que incita o pensamento a despertar-se sempre. O verdadeiro conhecimento trazido pelo Espiritismo é inabalável diante das mudanças que ocorrem à nossa volta e sempre presentes em nossas vidas.

A Filosofia Espírita é assim, feita de Verdades eternas, de princípios eternos e imutáveis, os quais vamos compreendendo o alcance a partir na nossa própria evolução intelecto-moral. Tenhamos fé, a fé raciocinada que alimenta a esperança e coroa as nossas vidas com o amor tão almejado porque compreendido e vivenciado, sem receios, sem expectativas, mas com muita confiança.

(Publicado em The Journal of Spiritist Psychological Studies, Jul/Ago 2016, Inglaterra) 

22 de março de 2016

CULTIVO UMA ROSA BRANCA





Cultivo uma rosa branca,
 
em julho como em janeiro,
 
para o amigo verdadeiro
 
que me estende sua mão franca.

 
 
E para o mau que me arranca

o coração com que vivo,

cardo ou urtiga não cultivo:
 
cultivo uma rosa branca.
 
(José Martí)
 
 
PARA TODOS OS INIMIGOS DO BEM, DA VERDADE E DA PAZ
BRASIL, FRANÇA, BÉLGICA
22 MARÇO 2016

17 de março de 2016

O MEU (AMADO) PAÍS



Coração do mundo ... pátria do Evangelho ... há quem veja privilégios nestas palavras... e até uma certa arrogância; muitos julgaram ou julgam o Brasil a nova terra prometida e, nós, brasileiros, o povo escolhido que abrigaria os novos tempos. Contudo, o conceito de pátria do Evangelho é bem mais abrangente: na verdade estamos todos unidos, por afinidade, desde o passado remoto até o presente contundente: trânsfugas morais, adeptos de posturas equivocadas; desde todos os tempos, de todos os recantos da Terra, de todas as crenças e filosofias, de todas as posições sociais, de todas as sociedades e culturas, em um só e imenso lugar, onde tivéssemos as condições propícias para mudar...     

Brasil... de costas imensas, de largas e extensas praias, de selvas verdes e matas densas, de  mares verdes e de aves multi coloridas, de felinos belos e serenos; do boto que se confunde com o rapaz bonito da lenda criança; da pantera, da onça, do tucano e do papagaio; do mico leão dourado e das borboletas azuis... do cãozinho amigo e do gato ladino; das árvores que encantam, que ensombram, que fazem a chuva chover... das noites enluaradas e das estrelas sem fim... do calor que assusta e do frio que faz sofrer...

Visto do alto, o meu Brasil se confunde com outras terras e outros mares tão azuis e tão extensos que minha vista mal alcança...o meu Brasil de terras imensas, de águas ocultas, de rios largos e imensos, de peixes tão grandes quanto pequenos. Visto do alto, meu Brasil me comove - quem é você, Brasil? De quais lugares você veio e onde você está? Quem te construiu, quem sustenta as tuas fronteiras?

Do alto do mais alto pico do Brasil eu poderia estender meus braços e abraçar o meu país, e torná-lo pequeno, e afagá-lo como a uma criança, como a um filho querido que geme e se contorce em suas dores, dores tão grandes que saem às ruas, que se revolta, que chora e se espreme em veículos que o conduzem à busca do trabalho distante, ou do divertimento imposto e bancado pelos novos colonizadores e catequizadores de ideias.

Quem é você, meu Brasil, personificado em milhões de olhares úmidos de pranto por seus filhos perdidos pela bala “perdida”... quem é você, meu Brasil querido, personificado em milhares de crianças e jovens que, na escola, mal sabem ler e escrever uns, ou que se perdem nos desequilíbrios da busca desenfreada do prazer que, logo trazendo o vazio,  sai e sai novamente sem rumo, sem destino...quem é você, meu Brasil, cujo olhar suplicante busca nos altares frios e distantes a resposta para o seu desencanto...

Quem é você, meu Brasil de milhões de esperanças e de outro tanto de almas enfermas da alma; quem é você meu Brasil que busca num simples jogo de bola a alegria distante...

Porque, meu Brasil, tantos te tratam assim? Porque de tuas matas mortas, de teus animais em extinção, de tua água que seca, tamanha a poluição... E eu afago o meu país pequeno em meus grandes braços, e tal como o profeta, levanto o meu país à vista d’Aquele que o criou, à vista daquele que é maior do que eu mesma, do que todos, e que esteve entre nós nos ensinando a caminhar,  e o entrego nos Seus braços, e peço, e oro, pelo meu Brasil, para que possa andar com suas pernas vacilantes, que possa sorrir de vera alegria, que possa ver em torno de si a grande promessa de paz, que possa abraçar e ser abraçado, amar e ser amado, sem medo, sem raiva, porque crescido, adulto, educado, maduro e irmão.              

Que o meu Brasil possa sair de madrugada, e seguir para o seu trabalho compensador, e encontrar a rota certa, a segurança, a realização. 

Que o meu Brasil não dependa de quem quer que seja para alimentar-se, cuidar-se, ter seus filhos, comprar sua casa – porque tudo, tudo que fizer e realizar e respeitar reverterá a seu favor.

Que o meu Brasil respeite mares e lagos, rios e matas, animais e humanos, pois tudo faz parte do mesmo ciclo de vida, porque sabe que se assim não fizer, simplesmente morrerá.

Que o meu Brasil tenha seus representantes legítimos porque eleitos pela Verdade e pela Verdade trabalharão.

Que o meu Brasil apague de sua lembrança os maus governantes, os manipuladores, os corruptos e corruptores, os roubadores, os criminosos, os mentirosos e hipócritas, os que deturpam a paz e lesam os bens públicos; e que este momento não passe de aprendizado – longo, doloroso e definitivo aprendizado - em busca da honestidade, dos valores e virtudes humanas que a sustentam e à Vida.

 
Que o meu Brasil reconstruído pelo trabalho, pelos estudos, pela capacidade que tem de  sentir  empatia, afaste de si o egoísmo feroz e o individualismo doentio, que empobrece as suas capacidades, que o torna menor, que o submete à manipulação, e bloqueia o seu imenso potencial de realização.

Que o meu Brasil reconstruído pelo Amor, a ele finalmente dê guarida, abrindo os seus braços para os filhos das guerras distantes, das tragédias que ferem, dos dramas ocultos, das perseguições inumanas e cruéis.

 
Que o meu Brasil gigante acredite em si mesmo, mas seja tão humilde quanto a sua imensa capacidade de compreender.

Que o meu Brasil querido seja o coração que ama e a terra do Amor, que, personificado e nascido um dia, partiu mas nunca nos deixou.

Brasil: ergue-te, realiza, trabalha, acredita, ama, suba aos montes mais altos, eleva-te em espírito e de lá, visualiza o imenso caminho que te cabe; ele está perto de ti, bem perto, tão visível quanto as estrelas, tão fresco quanto as ondas do mar, tão vivo quanto as árvores,  silentes, belas e partícipes da vida – sai em busca das tuas bem-aventuranças,  segue a Luz que te criou, encontra-te contigo mesmo, e com todos os que te cercam. 

Meu Brasil jamais se submete, jamais se escraviza, a nada e a ninguém, a nenhuma circunstância. E o meu Brasil refeito e reconstruído, espiritualizado e trabalhador, finalmente estará pronto para abrigar a Paz – e de seu imenso coração emanarão os mais sublimes sentimentos que abraçarão a Terra inteira, os nossos irmãos.

CONFIEMOS  E OREMOS !

Sonia Theodoro da Silva - 16 de março de 2016
www.filosofiaespirita.org  

4 de fevereiro de 2016

CARNAVAL OU MOZART? UM DIÁLOGO ATEMPORAL


Um dia conversávamos com um Maestro e com uma Pianista. E a nossa conversa girava em torno de, claro, música. Foi quando o Maestro, desviando o assunto, exclamou: Mas, e o carnaval? Onde fica a cultura nesses dias onde tudo é permitido? Quando as mulheres esquecem o pudor e os homens, ah, estes nem se fala!..

O prezado leitor já deve ter percebido que o querido Maestro pertencia à geração dos antigos. Prosseguiu ele: Eu me lembro de quando era criança, apreciava as brincadeiras, os carros que saíam às ruas em desfile. Meu tio-avô era um dos aficcionados da festa de Momo. Ele reunia seus amigos, e todos saíam em seus automóveis, portando máscaras e lança-perfumes - a máscara, para que ninguém os reconhecesse e o lança-perfumes, para que, embriagados no doce aroma, pudessem permitir-se ao divertimento, sem qualquer constrangimento.

E assim era durante os quatro dias. Na quarta-feira - ah,a contradição -, iam todos em fila à Catedral da Sé, vestirem-se de cinzas, pedirem perdão dos excessos cometidos, das homéricas bebedeiras, dos beijos roubados, das palavras mal-ditas, das noites boêmias mal-dormidas. Ah, a consciência !

Ao que a Pianista acrescentou - e as músicas, então? Simples jogos de palavras soltas, sem qualquer pretensão de aculturamento, mas, ao contrário, desprestigiando a cultura brasileira. Veja só Noel Rosa! Veja Pixinguinha! O que Villa-Lobos diria?

E eu, ouvia e meditava. Será que eles tinham ouvido falar de Tom Jobim? De Ari Barroso e do "Aquarela do Brasil"? De Chico Buarque e de suas músicas contra a Revolução de 64, que trouxe a ditadura ao Brasil? De Toquinho e Vinícius? Foi quando deu entrada à sala, o Escritor: Bem, querido Maestro e prezada Pianista, onde fica Lobato nesta história? Sem falar dos universais Castro Alves, Alencar, Victor Hugo, Alexandre Dumas, e Charles Dickens? E Shakespeare? E o nosso Machado? Falando em Universais, disse o Maestro, falemos de Mozart! E bateu palmas, feliz.

Quando ele disse - Mozart - meu coração quedou-se, como num staccato de uma grande sinfonia. E num momento atemporal, onde não existe espaço, nem dimensões como as conhecemos, mas um grande Silêncio, ali, à minha frente, num maravilhoso foco resplandecente de cores e luzes, surgiram como num mosaico em movimento, todos os grandes compositores, pensadores, instrumentistas e virtuoses, poetas, pintores, escultores, educadores, estetas, num portentoso concerto em homenagem à ela, a Arte. E seja por inspiração do grande compositor, ou porque o momento era propício, a sala transformou-se, feéricamente iluminada por lustres invisíveis como de cristal, aumentando suas dimensões, atingindo as esferas celestes, transfigurando os nossos personagens, mudando o teor e o colorido das conversações.

E o Escritor, inspirado, disse: O objetivo essencial da Arte, é a busca e a realização do Belo; é, ao mesmo tempo, a busca de Deus, uma vez que Deus é a fonte primeira e a realização perfeita do Bem e do Belo.

Ao que o Maestro retrucou: Mas quanto mais a inteligência se purifica, se aperfeiçoa e se eleva, mais se impregna da idéia do Belo!

Disse a Pianista: Sim, o objetivo essencial da evolução será, portanto, a busca e a conquista da beleza (em sua essência, sem atavismos e aparências), a fim de realizá-la no ser e em suas obras. Tal é a regra da alma em sua ascensão infinita.

Na Terra, completou o Escritor, nem todos os artistas inspiram-se nesse ideal superior. A maior parte limita-se a imitar o que chamam "a natureza", sem se aperceberem de que esta não é senão um dos aspectos da obra divina. Porém, no espaço, continuou a Pianista, a arte se reveste, ao mesmo tempo, das mais sutis e mais grandiosas formas, e ilumina-se com um reflexo divino.

E o Maestro: meus caros, nada se iguala à Música. Vejam uma “Meditação de Thaís” de Jules Massenet! Quanta grandiosidade, quanta leveza!

E eu, pobre mortal, pensei, mas, e Mozart, e o carnaval?

Continuou o Maestro, lembramos aqui que todo Espírito que emana de Deus não apenas possui uma centelha da inteligência divina, como, ainda, goza de uma parcela do poder criador, poder que ele é chamado a manifestar cada vez mais no decorrer de sua evolução, tanto em suas encarnações planetárias quanto na vida no espaço.

Na Terra, sob o véu da carne, essa inteligência e esse poder ficam diminuídos; e contudo é maravilhoso constatar até que ponto o talento do homem pôde subjugar as forças brutais da matéria, vencer a sua resistência, sua hostilidade, submetê-las às suas necessidades e até mesmo às suas fantasias!

Tornei a pensar, neste caso, Beethoven, Brahms, Bach, Carlos Gomes, Dvorak, Tchaikowsky e outros, seriam exemplos disto?

Certamente, respondeu o Escritor. Mas eu apenas pensei! E ele respondeu-me!

Sim, querida menina, o pensamento cria formas, sons, em um grau mais elevado, por exemplo nas materializações de Espíritos, a vontade destes cria formas, rostos, vestimentas, atributos semelhantes aos que eles possuíam na Terra e que nos permitem reconhecê-los, identificá-los. A vontade lhes dá a consistência necessária para tocar os sentidos dos observadores. Os Espíritos Mozart (até que enfim, pensei novamente), Victorien Sardou e outros erigiram para si palácios ornados de plantas e de flores.

Prosseguiu o Maestro, inspirado pela citação do nome de Mozart: O papel essencial da Arte é expressar a vida com todo o seu poder, sua graça e sua beleza. A Arte se eleva e progride em todos os graus da escala da vida realizando formas cada vez mais nobres e perfeitas, que se aproximam da fonte divina de eterna beleza.



E qual não foi o meu espanto, quando deu entrada à sala, nada mais nada menos que o Filósofo, que, aproximando-se, sorridente, exclamou: A música é uma lei moral. Dá alma ao universo, asas ao pensamento, saída à imaginação, encanto à tristeza, alegria e vida a todas as coisas. Ela é a essência da ordem e eleva em direção a tudo o que é bom, justo e belo, e do qual ela é a forma invisível, mas, no entanto, deslumbrante, apaixonada, eterna.

Prosseguiu nosso Filósofo: O infinito das idéias, dos quadros, das imagens, é como um desafio aos limitados recursos do vocabulário terrestre. Com efeito, como encerrar em palavras, como resumir em palavras todo o esplendor das obras que se desenvolvem nas profundezas dos céus estrelados?

E voltou os olhos ao Educador (que, esqueci-me de citar, quedara em silêncio todo esse tempo). Ao contrário do que se imagina, começou a dizer, todos podemos acessar o Belo, pois ele é lei soberana, objetivo supremo do universo. Todos os problemas do ser e do destino resumem-se em poucas palavras. Cada vida deve ser a construção, a realização do belo, o cumprimento da lei.

Neste instante, todos (eu inclusive), silenciamos a palavra e o pensamento. Não mais nos preocupávamos com as manifestações próximas do carnaval que, se no passado trazia a imagem de uma alegria fortuita e permitida (não seria permissiva?), hoje, enlouquecia os Espíritos, na afanosa tarefa de os fazer voltar as manifestações instintivas de satisfações efêmeras, desequilibrantes, minimizando, senão anulando as capacidades evolutivas em ascensão.

Lembrei-me de Emmanuel: Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças das trevas nos corações e às vezes toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

A triste festa iria começar em breve. Resquícios de costumes perdidos na Antiguidade de nossa cultura ocidental, pensei, que alegria é esta que se manifesta e exige bebidas, gritos, fantasias, carros alegóricos e desregramentos para se manifestar? E o mais grave: Por quê, se estamos num mundo grande parte cristão? Mas, de pronto, lembrei-me das palavras da personagem Magda, do livro Madalena, A Conversão do Mundo: é o fermento levedando a farinha. Lembremos a parábola de Jesus. Uma medida de fermento faz levedar a massa de farinha, mas para isso tem de misturar-se com ela. O processo de fermentação é lento e apresenta várias fases. O Evangelho está no mundo e vem levedando a sua massa há quase dois mil anos. A massa cresce, mas nova farinha lhe é adicionada a cada geração. A farinha do mundo está num saco invisível, e esse saco tem as dimensões do infinito. E esse pouco mais é o acréscimo da dimensão cristã à consciência humana. O Evangelho é esse acréscimo, uma pequena medida de fermento a levedar a massa do mundo. Nosso conhecimento possível é também uma medida de fermento e precisamos cuidar que ela não se perca, não se deteriore.

Voltei os olhos ao Maestro, à Pianista, ao Escritor, ao Filósofo, ao Educador. Ainda teríamos um bom tempo antes que a humanidade em nós cedesse lugar à Espiritualidade - mas, nesse ínterim, teríamos que passar por uma extensa trajetória de aprendizado e conscientização. Lembrei-me ainda das equipes espirituais no trabalho constante de aprimoramento da ética e da moral, através de seus dignos representantes na Terra e no Espaço. Com Sócrates, a estimular o Ser à busca de si mesmo, no auto-questionamento, na perquirição filosófica constante. E a partir dele, seguiram-se na linha do tempo as figuras dos Grandes Imortais em todos os ramos da Cultura, da Arte, das Ciências Exatas, da Filosofia, da Educação, das Religiões. Foi quando todos eles me disseram: O Espírito humano não pode se elevar até as supremas alturas da Arte cuja fonte é Deus, mas ele pode, ao menos elevar a elas as suas aspirações.
E como transformar as nossas aspirações em anseios de ascensão? Ou seja, qual o caminho a seguir para alcançar uma visão de vida menos materialista, menos embrutecida, menos niilista, menos imediatista, menos omissa?

E eles, sorrindo diante de minhas dúvidas, disseram: Toda ascensão da vida à perfeição eterna, todo esplendor das leis universais, resumem-se em três palavras: Beleza, Sabedoria, e Amor. E acrescentou o Filósofo: Quando nós, seres humanos, encontrarmos dentro de nós mesmos e no outro a projeção Divina do Bem e do Belo, saberemos exteriorizar de forma mais adequada a nossa bagagem interna. Até lá, lutaremos pelo entendimento, pela compreensão; em suma, pelo próprio livre-arbítrio, em seu verdadeiro sentido de condutor e libertador da nossa própria ignorância, o que nos torna, por ora, diante da Existência, ovelhas perdidas e desgarradas do aprisco do Pai, nesta belíssima metáfora de Jesus, que nos tornou parte da Criação Universal sob a Sua Égide. Então, veremos uma nova Renascença na Terra, desta feita, como resposta aos anseios de Espiritualidade dos Seres Humanos, erguidos à sua verdadeira Humanidade.

Silenciei, pois não havia mais nada a dizer.

(Sonia Theodoro da Silva)

(Diálogo virtual, com excertos das palavras de Léon Denis na obra O Espiritismo na Arte); Bibliografia: Madalena, A conversão do mundo, de José Herculano Pires.

PUBLICADO: Revista Internacional de Espiritismo, Ano 89, No.03, Abril 2004, Ano Comemorativo aos 200 Anos de Nascimento de ALLAN KARDEC. 

25 de janeiro de 2016

SÃO PAULO, A CIDADE DE PAULO E DE EMMANUEL


Comemoramos nesta data 462 anos da fundação da nossa cidade.

E voltando atrás no tempo, lembramo-nos das palavras de Emmanuel, em A Caminho da Luz, dizendo que o acaso inexiste, quando mencionamos as fundações de cidades e Estados. Aliás, acaso, segundo Téophile Gautier, é o pseudônimo de Deus quando Ele não quer assinar a sua obra. Há uma união de intenções entre “terra” e “céu”, como se todos se reunissem para fazer cumprir propósitos superiores, preparando a primeira para o advento das populações que lá habitarão, com vistas ao desenvolvimento das leis de sociedade e progresso. É muito interessante esta análise, para a qual convidamos os nossos caros internautas. Vejamos a Lyon de Rivail e a Lugdunum de Ireneu, a Roma antiga e a atual, a Nova York de 200 anos atrás e a de agora, e assim sucessivamente. Há um planejamento realizado em outras esferas de existência e que muitas vezes escapa à nossa compreensão.

O mesmo livro citado, A Caminho da Luz, relata os bastidores da história, sob a análise crítica e lúcida de Emmanuel.

Mas vejamos a nossa querida São Paulo de Piratininga, inaugurada a partir de uma pequena vila onde índios, padres e sentenciados portugueses constituíam a sua população. Ainda hoje, na região da Sé, no Pátio do Colégio, a igreja de Anchieta guarda um museu de peças e imagens sacras dos séculos XVI a XVIII, seus objetos de uso pessoal bem como sua batina e terço, e a arquitetura da época também preservada e restaurada, onde é interessante notar uma parede do templo, antiquíssima, construída de barro, palha, areia, pedra e excremento de gado para dar a liga, preservada até os nossos dias, e resguardada entre duas outras paredes de vidro.

Contudo, o que nos chama a atenção, da dupla Nóbrega-Anchieta, é a posição do primeiro como educador, que à época se caracterizava como um misto de professor e catequizador - lembremos que a Educação naqueles tempos estava a cargo da igreja católica, que enviava seus representantes às terras recém-descobertas. Muito criticado por seus meios rígidos e ortodoxos, mas que na verdade compunham normalmente o procedimento dos membros do clero, e mais do que isso, dos homens e mulheres do século em que viveram, Nóbrega, que não poderia fugir às circunstâncias evolutivas, culturais, religiosas, antropológicas e psicológicas de sua época, não deixou de cumprir a sua missão. A maior delas, a efetiva fundação de São Paulo de Piratininga. E aí é que analisamos as circunstâncias.

Nóbrega é considerado uma das reencarnações de Emmanuel, também Públio Lentulus Sura e posteriormente Públio Lentulus, o escravo grego Nestório (veja-se as obras Há Dois Mil Anos e 50 Anos Depois do autor espiritual) e ainda o padre Damiano, em Ávila (veja-se o romance Renúncia), além de sua vida como o pensador e escravo cristão Eusébio (não confundir com Eusébio de Cesaréa). Por que Nóbrega deu o nome do querido Apóstolo à cidade?

Uma mensagem íntima de Emmanuel recebida por Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, a 13 de março de 1940, nos relata um encontro do senador Lêntulus com Paulo em Roma. A mensagem é a seguinte:

“Lede as cartas de Paulo e meditai. O convertido de Damasco foi o agricultor humano que conseguiu aclimatar a flor divina do Evangelho sobre o mundo. Muitas vezes foi áspero. A terra não estava preparada e se em alguns pontos oferecia leiras brandas e férteis, na maioria, era regiões em espinheiro e pedregulho.

Paulo foi o lidador de sol a sol. Seu fervoroso amor foi a sua bússola divina. Sua paixão no mundo, iluminada pela sua dedicação ao Cristo, transformou-se na base onde deveria brilhar para sempre a claridade do Cristianismo. Conheci-o, em Roma, nos seus dias de trabalho mais rude e de provações mais acerbas. Vi-o uma vez unicamente, quando um carro de Estado transportava o senador Públio Lentulus, ao longo da Porta Ápia, mas foi o bastante para nunca mais esquecê-lo. Um incidente fortuito levara os cavalos a uma disparada perigosa, mas um jovem cristão, atirando-se ao caminho largo, conseguiu conjurar todas as ameaças. Avistamos, então, um pequeno grupo, onde se encontrava a sua figura inesquecível. Trocamos algumas palavras que me deram a conhecer a sua inteireza de caráter e a grandeza da sua fé. O fato ocorria pouco depois da trágica desencarnação de Lívia e eu trazia o espírito atormentado. As palavras de Paulo eram firmes e consoladoras. O grande convertido não conhecia a úlcera que me sangrava no coração, todavia as suas expressões indiretas foram, imediatamente, ao fundo de minha alma, provocando um dilúvio de emoções e esclarecimentos.

Luzeiro da fé viva, Paulo não pode ser esquecido em tempo algum. Seu vulto humano é o de todo homem sincero que se toque de amor divino por Jesus. Lede-o sempre e não vos arrependereis”. (O grifo é nosso)

Tudo se assemelha ao coração imenso da cidade de São Paulo - a cidade de Paulo.

Conta-nos o Espírito Cneio Lucius (50 Anos Depois), que Paulo, no plano espiritual, sempre se dedicou a auxiliar “as grandes inteligências afastadas do Cristo, compreendendo-lhes as íntimas aflições e o menosprezo de que se sentem objeto no mundo, ante os religiosos de todos os matizes, quase sempre especializados em regras de intolerância”. E foi com esse sentimento de compreensão e bondade que fez com que o grande Apóstolo da gentilidade estendesse as suas preces e auxílio ao culto senador romano, quando de sua desencarnação na tragédia de Pompéia, continuando a ampará-lo espiritualmente em suas posteriores existências terrenas.

Emmanuel nunca mais o esqueceu, e na personalidade de Nóbrega, adia a inauguração do Colégio de Piratininga, a que dá o nome de São Paulo, para o dia da comemoração da conversão do Apóstolo, fixada em 25 de janeiro. Essa afirmação não é somente de Cneio Lucio. É mencionada pelos biógrafos do padre Nóbrega, entre eles Serafim Leite, José Mariz de Morais, e Melo Pimenta.

Em outro momento, já como o grande pensador cristão encarregado das diretrizes ético-morais do Espiritismo em terras brasileiras, como continuidade ao trabalho que ajudou a realizar há centenas de anos, surge, através da psicografia do não menos ilustre missionário da Bondade e da Humildade, Chico Xavier, a grandiosa obra “Paulo e Estêvão”.

E compreendemos a grande destinação desta que é considerada a maior cidade da América Latina. Hoje, no século 21, uma megalópole que abriga em seu coração, centenas de “gentios” oriundos de todas as terras, brasileiras ou estrangeiras. Tal como Paulo, que abrigou em seu imenso coração amoroso, os corações da gentilidade em sua época. Foi através deles que o cristianismo do Cristo cresceu e se espalhou pelo mundo.

E é em São Paulo hoje, que brasileiros e estrangeiros tomam um primeiro contato com a Doutrina da Paz, da Concórdia, do Conhecimento Transcendente e a levam em suas atitudes e consciências tornadas espíritas.

Cumpriu-se a grande missão compartilhada.

Sonia Theodoro da Silva
(texto revisado pela autora - 25 de janeiro de 2016).

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