"CADA FASE DA EVOLUÇÃO HUMANA SE ENCERRA COM UMA SÍNTESE CONCEPTUAL DE TODAS AS SUAS REALIZAÇÕES." (J.H.PIRES)
FILOSOFANDO O COTIDIANO
O autor define com mestria o significado da FILOSOFIA ESPÍRITA vigente no atual estágio evolutivo em que nos encontramos.
Acompanhe conosco esse processo de encontros e desafios, que definem o Ser em busca de si mesmo através de ações que convergem a favor da paz e da Harmonia.
Educar para o pensar espírita é educar o ser para dimensões conscienciais superiores. Esta educação para o Espírito implica em atualizar as próprias potencialidades, desenvolvendo e ampliando o seu horizonte intelecto-moral em contínua ligação com os Espíritos Superiores que conduzem os destinos humanos.(STS)
Base Estrutural do ©PROJETO ESTUDOS FILOSÓFICOS ESPÍRITAS (EFE, 2001): Consulte o rodapé deste Blog.
14 de fevereiro de 2010
QUESTÕES EXISTENCIAIS SEM ESPÍRITO DE SISTEMA
Os Amigos da Humanidade em conflito representam em si mesmos a mensagem de que são portadores. Anônimos, nascem em berços obscuros, enobrecendo a família em meio à qual foram chamados a conviver, estudam muito e disciplinadamente, dignificando o conhecimento (não a vazia intelectualidade), trabalham condignamente, exemplificando a disciplina espontânea e a dedicação consciente. Se são portadores de competências, exaltam-nas, exemplificando nas diversas atividades que abraçam, a missão do homem inteligente sobre a Terra. Jamais obstaculam o caminho de outras competências, ao contrário, irmanam-se a elas, indicando rotas, ampliando a capacidade de abrangência de suas idéias avançadas no tempo e no espaço. Se, por necessidade das convenções terrenas portam titulações acadêmicas, cargos, posições sociais, estes acabam por desaparecer perante os sentimentos e as atitudes condignas. Exercitam o desapego aos bens da Terra, utilizando-os para o bem comum. Valorizam a si mesmos na medida em que vivenciam a mensagem apregoada.
No caminho inverso, o apego aos mesmos títulos e cargos, circunstâncias efêmeras e aplausos de momento, demonstram igualmente a exata proporção de necessidades afetivas aos quais se apegam fervorosamente, como se o aplauso da multidão tivesse a mesma força das realizações que dizem representar. Assim, satisfazem-se no abandono do exemplo edificante. "Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui para nós a felicidade real e indiscutível", assevera Emmanuel na mesma citada mensagem.
Em "O Céu e o Inferno", as questões existenciais tomam outro formato, despojam-se do aparato das escolas filosóficas vazias e inócuas, tanto ou mais quanto a vacuidade dos corações que as criaram. Auxilia-nos a diferenciar o misticismo supersticioso da mística natural, os conceitos mitológicos de penalidade e recompensa a viciarem as mentes juvenis, ansiosas pelas compensações terrenas, à semelhança dos aplausos. Remete-nos às reflexões quanto a vida e a morte, despojando-nos do medo e da angústia do sofrer existencial, incentivando-nos a ser, e não somente a estar, pois "a cada um será dado conforme as suas obras". Trata-se portanto, não dos gozos ou penalidades da vida futura, à interpretação humana, mas da natural conseqüência de pensamentos e atos bem ou mal engendrados.
Situa-nos na escala ascencional de nossos sentimentos a alçarem vôo em direção à esferas onde os Espíritos transitam em meio ao que condicionamos chamar por "felicidade", por falta de melhor definição, pois o nosso mundo consciencial desconhece tais venturas. E para atestar tais assertivas, Kardec à semelhança da maiêutica socratiana, questiona, interroga, indaga e entrevista os Espíritos em suas diversas circunstâncias existenciais no mundo incorpóreo, como a atestar da exata dimensão propiciada pelas escolhas voluntárias de cada um. Sem rebuscamentos, sem máscaras, sem rótulos. Sem sistemas.
Somos o que somos. E hoje, quando o ser humano em guerra contra o outro ser humano anula os mínimos gestos de solidariedade, em que o ego transforma-se em tirano do Espírito, em que a educação e as boas maneiras (não confundamos com mise-en-scène) cedem lugar à rudeza e à agressividade sem controle, os grandes dramas ocupam novamente o palco da tragédia humana. Serão eles os grandes instrumentos sempre renovados do despertamento. Incentivarão a fraternidade, acolherão em seus braços suas vítimas perplexas. E remeterão esses corações à reflexão. E da reflexão, à realidade. E desta, à humildade.
E então entenderemos os propósitos de Deus a nosso respeito. Deixaremos as filosofias esdrúxulas, as religiões fanatizantes, as ciências dogmáticas. E estaremos prontos para o pensar renovado, para o agir dignificante e plenificador.
Bibliografia: O Céu e o Inferno, de Allan Kardec ; Fonte Viva (104-Diante da Multidão), de Emmanuel/Chico Xavier.