FILOSOFANDO O COTIDIANO

O autor define com mestria o significado da FILOSOFIA ESPÍRITA vigente no atual estágio evolutivo em que nos encontramos.
Acompanhe conosco esse processo de encontros e desafios, que definem o Ser em busca de si mesmo através de ações que convergem a favor da paz e da Harmonia.

Educar para o pensar espírita é educar o ser para dimensões conscienciais superiores. Esta educação para o Espírito implica em atualizar as próprias potencialidades, desenvolvendo e ampliando o seu horizonte intelecto-moral em contínua ligação com os Espíritos Superiores que conduzem os destinos humanos.(STS)

Base Estrutural do ©PROJETO ESTUDOS FILOSÓFICOS ESPÍRITAS (EFE, 2001): Consulte o rodapé deste Blog.

25 de julho de 2013

MEU PAI

Papai e vovô Luiz 
Aos 21 anos matriculou-se em dois cursos: Direito, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco - Universidade de São Paulo, e Medicina, da mesma Universidade. Contudo, tempos depois, vitimado por epidemia que grassava no país, também adoecera, e fora obrigado a deixar o seu grande sonho de estudar e de pesquisar, para tratar-se, transferindo-se para outra cidade, em clínica especializada, lá permanecendo por longo tempo. Impedido de continuar os estudos, passou a cultivar o auto didatismo. Frequentava a biblioteca da cidade, tornando-se erudito nas áreas em que desejara atuar profissionalmente.

A Cidade Universitária, campus da USP, começara a ser construída e, ao retornar a São Paulo, empregando-se no funcionalismo público estadual, profissão grandemente almejada naqueles dias, veio a formar uma das primeiras equipes de gestão administrativo-financeira daquela instituição acadêmica, locada em sua Reitoria. Já casado e pai de minhas irmãs, não pudera mais realizar o desejo de formar-se advogado e médico, mas passou a incentivar os irmãos mais jovens e os sobrinhos, que vieram a exercer essas mesmas profissões. Violinista com formação clássica e cultivador da música de Johann Sebastian Bach habituara-se a longas conversas com meus avós maternos sobre música, e também política, para desespero de minha mãe, ainda muito jovem. Nutria especial interesse pelo xadrez, sagrando-se campeão estadual e nacional em diversos torneios em São Paulo.

A história de meu pai assemelha-se à de centenas de pais oriundos de uma geração de empreendedores que ajudaram a construir determinados setores da vida pública e acadêmica de São Paulo; porém, dele ficou-me a lembrança, embora vaga, pois ele falece já idoso, na minha infância, mas sempre lembrado pelos familiares, de um homem idealista e perseverante em seus objetivos. Nunca fora religioso no sentido do cumprimento formal da religião, mas nutria especial apreço pela Doutrina Espírita, cujos estudos e trabalhos doutrinários desenvolvia juntamente com os irmãos, num centro inaugurado pelo grupo no bairro do Cambuci, onde também se discutia Filosofia, pois via neste ramo do saber uma ponte para o efetivo desenvolvimento consciencial e ético, quando visto sob as luzes da Filosofia Espírita.

Lutara bravamente contra as enfermidades que o acometeram, e sua coragem o conduzia, infatigavelmente, ao trabalho e ao estudo constantes. Tempos depois, já na minha idade adulta, seu Espírito manifesta-se num centro espírita, relatando as próprias experiências ao desencarnar. Passados os primeiros momentos de adaptação, dedicara-se ao estudo perseverante da doutrina de Luz, e afirmava que nós, os encarnados no plano das formas, jamais poderíamos imaginar a grandiosidade da Filosofia Espírita em outros níveis de consciência, pois esta retratava fielmente os ensinamentos de Jesus, mais ampliados e mais belos. Preparava-se para nova reencarnação, com objetivos específicos de atuação com base na filosofia de seu coração, a espírita.
O jovem, meu pai, que tivera sonhos, como todo jovem, mas que os deveres se impuseram às realizações mais acalentadas, trazendo-lhe experiências mais contundentes e sofridas, mas certamente necessárias ao seu Espírito, hoje, diferente do papai que conhecemos, transformou-se, e prepara-se para participar do grande momento de renovação da Terra, assim como milhares de Espíritos, renovados pela Lei de Progresso vigente em seus corações e raciocínio, como um natural processo da evolução do ser.

Não sabemos qual a sua missão-tarefa. Seria indiscreção de nossa parte investigar a respeito. Todavia, fica a lembrança de um homem idealista, perseverante nas opiniões das quais jamais abriu mão quando sabia serem corretas, pois pautadas na ética, no trabalho, no correto cumprimento de seus deveres e obrigações. Meu pai, que a vida não me concedeu tempo para conhecer mais aprofundadamente, transformou-se, de pai, em amigo, e muito tem me inspirado às próprias realizações. Hoje, ele tem o infinito à frente para sonhar, idealizar, planejar, realizar efetivamente. Certamente outros Espíritos o acompanharão nesse mister. Muito há a fazer e assim será por intermédio das gerações que devem surgir – e estão surgindo - como um natural processo de renovação da Terra. Meu pai não mais será o pai que conhecemos, mas um Espírito renovado em seus novos objetivos.

Assim ocorre, a cada dia. O processo de atualização do planeta, que gradativamente se despede do plano moral de provas e expiações, e se prepara para receber a presença de Espíritos renovados para o Bem, sejam eles da Terra ou oriundos de outros orbes, encontrarão, através da reencarnação, a realização que almejam, pois trazem consigo, como propósito de vida, a remodelação da sociedade na qual estarão inseridos. À prevalência do atual egoísmo vigente, trazem consigo o natural pendor para o altruísmo, para o entrosamento e a participação. Às constrições do orgulho e da prepotência humanos, trazem em si mesmos as próprias realizações a fomentarem o progresso de todos quantos se lhes aproximem.

Até lá, Espírito amigo, caso nos encontremos ou não, deixo registrada a minha gratidão de filha pela vida concedida, e pelo afeto de pai, sentimentos cultivados nos dois planos da existência, distantes pela natureza dimensional, mas próximos através do amor fraterno, naturalmente por bondosa concessão de Espíritos amigos. A certeza de que a nossa família espiritual amplia-se a cada dia, com a adesão de todos aqueles que permutam o mesmo anseio de compartilhar o que há de melhor para o aprimoramento do Espírito humano, na efetiva ação no Bem, nos conhecimentos adquiridos, nas experiências acumuladas, e na religiosidade verdadeiramente sentida em espírito e verdade.

Bibliografia sugerida: Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IV, Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo, item 18; cap. XIV, Honra a teu pai e tua mãe. O Livros dos Espíritos, questões 204, 205, 207ª, 208 e 775.

13 de julho de 2013

PRECISAMOS DIZER ALGUMA COISA ?


A jovem paquistanesa MALALA  YOUSAFZAI que luta pela Educação para as meninas e mulheres em seu país


 


MALALA NA ONU 




MALALA ABRIU UMA FUNDAÇÃO PARA APOIAR A EDUCAÇÃO DE MENINAS CRIANÇAS, JOVENS E MULHERES ADULTAS EM SEU PAÍS. 

9 de julho de 2013

DESERTIFICAÇÃO JÁ ATINGE UMA ÁREA DE 230.000m2 NO NORDESTE

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Em Gilbués, no sul do Piauí, desertificação atinge 45% do território
Foto: Divulgação
Em Gilbués, no sul do Piauí, desertificação atinge 45% do território

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Homenagem a Hermínio C. de Miranda


Comunicamos a desencarnação do dedicado companheiro Hermínio Correa Miranda, aos 93 anos de idade, ocorrido no dia 8 de julho na cidade do Rio de Janeiro. 

     Hermínio C. Miranda colaborou durante muitos anos com a revista Reformador, escrevendo a seção “Lendo e Comentando” e com artigos avulsos. Pela Editora da FEB, tem publicado os livros: As Marcas do Cristo (2 Volumes), Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos, Nas Fronteiras do Além, Reencarnação e Imortalidade, Candeias da Noite Escura, e outros esgotados. (Fonte:09/07/2013: http://www.fec.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=975&catid=35)


Prestamos neste blog a singela homenagem ao   grande espírita que foi o prof. Hermínio Miranda. 

Hermínio Correa de Miranda também escreveu:

1) TEMAS SOBRE CRISTIANISMO: 
  "CRISTIANISMO - A MENSAGEM ESQUECIDA", "O EVANGELHO DE TOMÉ", "OS CÁTAROS E A HERESIA CATÓLICA";

2) TEMAS SOBRE REENCARNAÇÃO: Além dos citados no comunicado acima, em especial "REENCARNAÇÃO E IMORTALIDADE", onde o autor estuda a excepcional mediunidade psicográfica de TAYLOR CALDWELL (autora, dentre outros de A Glória que passou, sobre a história de Péricles e Aspásia, no Século V a.C., século onde nasceram Sócrates, Platão e Aristóteles, Sófocles, Eurípedes, Fídias e muitos outros artistas, poetas, escritores e filósofos do famoso Século de Péricles, o grande mecenas das Artes e da Filosofia, Um Pilar de Ferro, história de Cícero, orador e filósofo romano, Eu, Judas, sobre Judas Iscariotes, MÉDICO DE HOMENS E DE ALMAS, sobre o apóstolo Lucas, O GRANDE AMIGO DE DEUS, sobre Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios); "ARQUIVOS PSÍQUICOS DO EGITO" (um excepcional estudo analítico sobre a história, a língua escrita e falada no Egito Antigo, feito por estudiosos ingleses através da mediunidade de Rosemary); "EU SOU CAMILLE DESMOULINS" (sobre a vida e morte do jornalista francês, um dos intelectuais da Revolução Francesa, naquele momento reencarnado no Brasil); "AS  MIL FACES DA REALIDADE ESPIRITUAL" (onde comenta a "aventura póstuma" do famoso herói inglês, Lawrence da Arábia), dentre outros;   

3) PEDAGOGIA ESPÍRITA: 
"NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS", e outros; 

4) ESTUDOS SOBRE OS MECANISMOS MENTAIS: 
"A MEMÓRIA E O TEMPO", "MEMORIA CÓSMICA", "ALQUIMIA DA MENTE", dentre outros;   

5) TEMAS SOBRE MEDIUNIDADE e OBSESSÃO/DESOBSESSÃO: 
"DIVERSIDADE DE CARISMAS", "DIÁLOGO COM AS SOMBRAS", a coletânea de estudos  sobre desobsessão, iniciado com "A IRMÃ DO VIZIR", "CONDOMÍNIO ESPIRITUAL", "O MISTÉRIO DE EDWIN DROOD" (estudo sobre a obra inacabada de Charles Dickens, completada por médium inglês após a morte do primeiro), e muitos outros;    

6) A destacar, um estudo sobre PROGRESSÃO DE MEMÓRIA, realizado  nos EUA e que mereceu a sua atenção conforme os estudos espíritas que conhecia profundamente; 

Hermínio Miranda foi autor de inúmeros artigos, muitos dos quais se tornaram livros, como alguns dos citados acima. Fluente em inglês, pesquisador de pesquisadores norte-americanos e ingleses, em estudos sérios sobre espiritualidade e reencarnação.  

Pessoalmente, tive o prazer de encontrá-lo algumas vezes em Congressos, onde modesto, dizia preferir o discreto escritório de seus estudos, e pela primeira vez, ao lado da sra. Deolindo Amorim, sra. Delta Amorim, quando autografava o livro do recém desencarnado e grande professor no qual tivera participação importante: O ESPIRITISMO E OS PROBLEMAS ATUAIS. 

Nunca esquecerei a sua cordialidade fraterna, a sua gentileza e simplicidade diante de uma jovem iniciante nos estudos e pesquisas espíritas que era eu mesma, feliz por estar frente a um dos maiores estudiosos e pesquisadores que o Espiritismo já pudera ter no Brasil. O professor Hermínio, diante de meu imenso respeito e emoção, fraternalmente conversou comigo, sobre a nossa grande paixão tornada objetivo de vida: o Espiritismo.

Parte de sua obra compõe o acervo de obras pesquisadas para o Projeto Estudos Filosóficos Espíritas - esta é a singela homenagem que pudéramos prestar ao grande estudioso, além de fazê-las constar dos programas deste Projeto. Que Jesus possa recebê-lo em seus braços  - e que ele, espírita que jamais se utilizou do Espiritismo como degrau ascensional para os seus  interesses pessoais, possa orar por todos nós, espíritas imperfeitos e ainda imaturos diante da grande obra dos Espíritos do Bem. 

Sonia Theodoro da Silva - São Paulo, 09 de julho de 2013. 

1 de julho de 2013

ESPIRITISMO E POLÍTICA PARTIDÁRIA


No século XVI, o pensador Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreve a sua obra prima, “O Princípe”. Nascido em pleno Renascimento, o pensador é considerado fundador da Ciência Política Moderna – foi um funcionário público de Florença, e eventual conselheiro dos Médici, muito próximo de Lourenço, o Magnífico. Acusado de traição, foi forçado ao ostracismo, quando então escreve as duas principais obras políticas: a já citada acima e “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”.

De formação humanística, Maquiavel trazia como um dos modelos de organização política a do Império Romano. “Maquiavel começa o capítulo oitavo de O Príncipe invocando um exemplo histórico, para então induzir de  tal acontecimento um raciocínio geral: ele apresenta Agátocles como um exemplo de político cruel contemporâneo. Em seguida, discorre sobre o uso bom ou ruim (no sentido útil) da crueldade na política.” (ROCHA e QUERIQUELLI, 2011).
Interessante notar que o pensador renascentista não dispõe de um conceito de Estado, e, portanto, não consegue compreender plenamente o surgimento de um Estado nacional. Para Maquiavel, não existe diferenças entre Francisco I da França, Carlos V e César Bórgia;  ele apenas percebe a necessidade de se criar uma unificação nacional para que a Itália vença as suas divisões. Como uma das noções centrais do pensamento maquiavelano, a natureza humana é perversa. “Os homens seriam essencialmente maus” (ibid, 2011). “Os homens são ingratos, volúveis, simulados e dissimulados, fogem dos perigos, são ávidos de ganhar (...), tem menos receios de ofender a quem se faz amar do que a outro que se faça temer (...) e esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio. (...) Comprazem-se tanto em suas próprias coisas e de tal modo se iludem que raramente se defendem dos aduladores (...), e sempre se revelarão maus, se não forem forçados pela necessidade a serem bons (MAQUIAVEL, 2001, p.80 – 81). 

Para ele, todas as relações humanas são relações de poder. “Para o indivíduo, os outros ou são obstáculos ou são instrumentos para a realização de seus fins. Exatamente por isso, é necessário controlá-los sem se deixar cair no controle deles.” (ibid, 2011).

Durante a Idade Média, era comum avaliar os atos políticos por meio de juízos de valor, considerados e levados à prática pela Igreja cristã. Ignorando ou deixando de lado a moral cristã, Maquiavel inaugura a ruptura entre política e moral, ou seja, o ato político deixou de ser avaliado pelo seu valor moral, considerado por ele de sujeição e domesticação pelo clero, para ser avaliado por seu sucesso perante a manutenção de poder. “Se vistos pela ótica da moralidade cristã, dificilmente seriam admissíveis conselhos como: enganar as pessoas, aparentar qualidades que são valorizadas pelo povo e renegar estas qualidades quando estas não forem mais úteis; assassinar aliados quando necessário para a manutenção do poder (...) (ibid, 2011).”  O príncipe deve ser temido mas, por outro lado,  deve cuidar para que não seja odiado.

Sua obra, “O Príncipe”, é considerado um verdadeiro manual de absolutismo, já que seu maior desejo é ver uma Itália forte e unificada politicamente que somente um príncipe que preencha aquelas condições poderá fazê-lo.

Maquiavel ainda hoje é considerado – através de seus livros – um ícone para  muitos políticos de direita, de esquerda ou de centro. Dotado de uma sagacidade ímpar, ele planta as raízes que devem fazer florescer a mais forte das árvores: a do poder absoluto, e que jamais viria ao encontro dos ideais de uma democracia plena, mais tarde desenvolvida teoricamente nas Americas e na França, por conta de suas revoluções locais, porém, nesta última, culminando no regime do terror.  

Assim como Maquiavel, outros pensadores abordaram o poder de forma ampla como Hobbes, Locke e Rousseau. Cada um inserido em seu tempo, e culturas, porém com seus braços estendidos ao nosso século XXI, pois não é preciso muito para analisarmos como as suas ideias ainda se encontram inseridas na política global, compondo manuais de conduta perante as massas, como controlá-las e como manter aliados nas difíceis manobras do poder.

Diante dos fatos acima, pensemos com Allan Kardec em “Viagem Espírita em 1862”, quando diz que as sociedades deverão unir-se em um mesmo ideal de convivência pacífica e distributiva, onde a solidariedade deva se dar de forma expontânea e digna.  

O prof. Rivail, profundo conhecedor da alma humana, sabia – e sabe – que as relações humanas para que se concretizem no ideal cristão, teriam que passar por diversas fases e muitas crises, uma vez que grande parte da humanidade é composta de Espíritos existencialmente imaturos e em muitos casos, rebeldes, o que levaria por dedução a julgá-los irresponsáveis, já que não se preveem as consequências deste ou daquele ato praticado, mas sim a obtenção, o lucro, a abrangência ou projeção pessoal, bem como a sagacidade nele aplicados para a manutenção de seus desejos escusos.

Pensarmos em ideal cristão e espírita em meio tão controverso pode parecer ingênuo, porém, o bom espírita que também é o bom cristão sabe que o seu papel é o do fermento da parábola de Jesus, que leveda a massa – a grande massa onde há desonestidade e desrespeito ao próximo, com o contributo de seu pensamento e posturas ético-morais, ou seja, respeitando a Vida, respeitando a mulher, respeitando o idoso, a criança, exemplificando com leal e profundo apreço o Evangelho do Mestre, tal como Kardec o fez.

Léon Denis, em meio à eclosão de revoltas políticas e da I Guerra Mundial onde a França sofreu perdas e destruição, preconizava a nobre ação do espírita a viver e exemplificar um “socialismo” com base na Lei de Sociedade (III Parte de O Livro dos Espíritos), na Lei de Igualdade e na Lei do Amor.
Em seu livro “Socialismo e Espiritismo”, diz Denis (meus destaques da obra): a solidariedade dos seres  na comunhão universal é um princípio sagrado no qual deve se inspirar toda grande obra  (...) Ligados através de nossas vidas, prosseguindo todos em um objetivo comum, nos sentimos unidos por fortes laços e chegaremos, com o tempo, através das perfeições realizadas, à formação de uma grande família (...) (DENIS, Socialismo e Espiritismo).

Portanto, em nenhum momento, nem durante nem posteriormente aos conflitos que a França atravessou, os baluartes do Espiritismo sequer pensaram em fundar partidos políticos sob a legenda espírita, pois sabiam que esta facilmente cairia – através de seus componentes – no lugar comum da política vigente.

O Espiritismo é a síntese conceptual do pensamento – é o método de bem viver, de bem conhecer a Verdade, de respeitar a si e ao próximo. Jesus jamais se imiscuiu nos poderes de seu tempo, imersos em lutas fratricidas de conquista, de supremacia custasse o que custasse, atribuindo a César o que lhe era devido – ou seja, não havia condições de diálogo com César, aplacado em sua sede de poder pelo pagamento de impostos, embora injustos e cobrados pela força.

Sua luta era outra – a mesma que seu discípulo fiel, Kardec, inicia – a do bom combate, seguida de perto por outro guerreiro da Paz, Paulo de Tarso, de outros guerreiros da não-violência como Mahatma Gandhi, Luther King e de centenas de milhares de outros em nosso tempo, muitos anônimos.   

Temos consciência de que o momento atual é de grandes mudanças, de que o espírita é chamado a participar dessas mudanças, mas acima de tudo de que a maior transformação que lhe cabe realizar é a de seu próprio caráter, harmonizando-o com os ensinamentos de Jesus e decodificados por  Allan Kardec e sua divina parceria com o 
o Mestre e com os Luminares da espiritualidade humana.

Fundar partidos sob legendas espíritas é jogar o Espiritismo nas lutas inglórias, mesquinhas, pretensiosas e menores das arenas políticas. Mais, é usá-lo como degrau ascensional à arrogância e orgulho pessoais.

“Recorda-te de que a vida é curta; esforça-te, pois, por conquistar, enquanto o podes, aquilo que vieste aqui realizar: o verdadeiro aperfeiçoamento. Possa teu Espírito partir desta Terra mais puro do que quando nela entrou! Pensa que a Terra é um campo de batalha, onde a matéria e os sentidos assediam continuamente a alma; corrige teus defeitos, modifica teu caráter, reforça a tua vontade; eleva-te pelo pensamento, acima das vulgaridades da Terra e contempla o espetáculo luminoso do céu.”  (DENIS, Depois da Morte).

Sonia Theodoro da Silva 

Bibliografia:
O Príncipe, Nicolau Maquiavel;
Filosofia Política I, Leandro Rocha e Luiz H. Queriquelli
Viagem Espírita em 1862, Allan Kardec
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.
Socialismo e Espiritismo, Léon Denis
Depois da Morte, Léon Denis.
Pão Nosso, Emmanuel/Chico Xavier, it.106, Há muita diferença.   

Sugestão de pesquisa (veja o que pensam José Herculano Pires e seu biógrafo Jorge Rizzini):

EFE Filosofia Espírita

EFE Filosofia Espírita
Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz

EFE- Educação Mediúnica com base na Filosofia Espírita

EFE- Educação Mediúnica com base na Filosofia Espírita
Grupo Espírita Irmão Carmello

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